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Relações: como movimentam a formação do SER nas crianças?

Antes de falar sobre este tema, vamos entender como se forma a personalidade de uma pessoa. Gosto do ponto de vista do criador do Psicodrama, Jacob Moreno. Para ele, as pessoas são como átomos, ou seja, são formadas por suas relações e interações.

 

“… a família, berço genético-psicológico-social inicial ou sociometria primária da criança, é de capital importância na formação de sua personalidade. A resultante dos primeiros vínculos estabelecidos é internalizada segundo disposições individuais, de forma a gerar características pessoais e únicas”. (Fonseca,1980, p.112)

 

A observação da relevância das primeiras interações sociais da criança é que me levou a escrever sobre isso, visto que o educador, os pais, a escola e a família estão presentes neste momento de muita movimentação para a formação do SER. Pensar sobre nossas ações de uma forma responsável e cuidadosa é de suma importância.

 

O psicopedagogo que recebe a demanda de uma família deve estar preparado para intervir de forma respeitosa na cultura da mesma. Toda mudança proposta deve ser pensada e avaliada junto ao grupo familiar; e toda movimentação causada por ele deve ter sentido para os integrantes. As propostas também devem ser ajustadas para que estejam em uma proporção que a estrutura do grupo familiar possa sustentar. Neste caso, toda a movimentação proposta pelo psicopedagogo deve ser avaliada e ajustada a fim de que se alcancem resultados. Para que o psicopedagogo possa ter conhecimentos tão específicos, sugiro conhecer as ferramentas utilizadas pelo o método do Psicodrama.

 

A família, ao se perceber parte tão importante do processo de formação das suas crianças, começa a avaliar suas ações e interações e com isso, passa a se relacionar com suas crianças de uma forma mais saudável, melhorando efetivamente seus convites relacionais.

 

Os convites relacionas são os veículos de interação com o outro, como: agressividade, desprezo, afetividade, carinho, amor, entre outras. Quando notamos a importância de melhorar nossas interações e nos movimentamos nesta direção, os resultados são mais conscientes e responsáveis. Esta interação mais saudável será levada ao SER da criança pelo o resto da vida.

 

Segundo a escritora e psicóloga Rosa Cukier, a maior parte dos casos difíceis em adultos de seu consultório vem de situações vividas na infância. O trabalho dos psicopedagogos é muitas vezes evitar que a proporção de uma ação ou relação ou deficiência tome proporções insustentáveis no futuro. Promovemos a consciência da importância da qualidade das relações no presente para evitar sofrimento não só neste momento da vida da criança como também na qualidade da vida adulta.

 

“As aprendizagens e as decisões que as crianças tomam ao longo da vida, principalmente aquelas frente a situações traumáticas, estressantes e desconfirmadoras, limitam as percepções das escolhas na vida do adulta”. (CUKIER,1998, p.18)

 

O olhar atento às nossas crianças, o acolhimento adequado aos familiares, o acompanhamento do desenvolvimento escolar são ações psicopedagógicas frutos da pesquisa e da experiência de cada profissional. Por isso, é muito importante encontrar um profissional qualificado e cuidadoso.

Jogos Teatrais, Criatividade e Desenvolvimento Humano.

Criatividade é a saída para várias situações. Uma pessoa criativa tem opções ao enxergar formas e estratégias para resolver uma situação. O criativo consegue reagir melhor às situações. Com maior clareza e domínio consegue se utilizar dos recursos a sua volta para intervir na situação de forma favorável a ele. Por isso a criatividade tem sido um talento importante para a humanidade em geral.

 

A criatividade é um talento que pode ser aperfeiçoado. “Compartilhar uma atividade lúdica e criativa baseada na experimentação e na compreensão é um estímulo para a aprendizagem”. O teatro pode ser um grande aliado para o desenvolvimento humano porque ele proporciona estímulos e atividades onde a pessoa cria meios para contar sua história. E de acordo com a idade estas atividades podem ser menos ou mais complexas.

 

Os jogos teatrais estão sendo utilizados como um recurso para autoconhecimento e também para trabalhar questões sociais (saúde, higiene, uso de drogas, entre outros). Boa parte das crianças gostam de participar de apresentações de teatro. E gostar do que se está fazendo facilita aprender sobre o assunto. “As pessoas aprendem apenas quando estão abertas ao inesperado, quando procuram dentro de si mesmas, quando lhe é permitido sonhar, quando são levadas por uma espécie de sede interior”.

 

Com jogos teatrais para estimular a capacidade de criação, o professor tem um leque enorme de possíveis propostas. Não tem limites nem de temas ou recursos específicos. Quando o objetivo é criar, um pedaço de papel, ou um camarim cheio de fantasias ou simplesmente um único aluno, tudo é possível de se fazer. Por isso o teatro é tão eficiente no incentivo da criatividade e no desenvolvimento humano. O trabalho com teatro neste sentindo não tem amplitudes inerentes aos recursos financeiros.

 

Então vista o seu personagem com a imaginação, vá em frente com a magia do teatro, e esteja certo que caminhos reais vão surgir. No próximo artigo vou numerar quantos benefícios reais são possíveis através dos jogos teatrais.

 

Raquel Leonor Resende

REFERÊNCIA

MELLANDER, Klas. O Poder da Aprendizagem. São Paulo: Editora Cultrix. 2006

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

O lúdico e o desenvolvimento humano

O ser humano se difere dos demais animais pela capacidade de criar novas estratégias, alterando o meio para seu benefício. Esta capacidade é aprimorada nos primeiros anos de vida do ser humano e tende normalmente a ficar mais hábeis com o decorrer da vida. Isto se dá através das interações homem/homem, homem/sociedade, homem/ambiente, homem/brincadeiras, homem/máquina entre outras. De acordo com Mellander,“… a qualidade do conhecimento é determinada pelas muitas experiências e associações que ao todo compões tal conhecimento. E o ensino e o estudo são tentativas de recriar, de uma forma ou outra, o processo de aprendizado que originalmente resultam no conhecimento em questão.” (Mellander, 2006. p.53).

 

A brincadeira é um dos primeiros recursos utilizados pelo homem para aprender. A mãe diante de seu bebê, bate palmas, faz sons com a boca, tudo isso para ensiná-lo a interagir. E o estímulo ainda fica maior quando o bebê consegue bater palmas e a mãe manifesta sua alegria por isso.

 

Os recursos lúdicos são eficientes justamente porque fazem parte das primeiras formas de se conectar com o mundo e as pessoas. As crianças se sentem confortáveis em atividades lúdicas. E usando os recursos lúdicos alcançamos uma aprendizagem mais natural e eficiente.

 

“Aparentemente, aprendemos o tempo todo – espontaneamente e sem fazer esforço – coisa que parecem praticamente impossíveis de se aprender numa sala de aula ou livro didático. Isso significa que aprendemos mais facilmente sem professor do que quando somos ensinados? Por mais estranho que pareça, é isso o que realmente acontece. Por quê? Porque nossa ignorância nos induz a complicar as coisas para nós mesmos. Assim, diminuímos em vez de aumentar a nossa capacidade de aprender em um ambiente formal. Se conseguirmos ficar mais conscientes de como aprendemos espontaneamente, poderemos aumentar nossa capacidade de aprender conscientemente e de acordo com um plano em uma situação de aprendizado formal”. (Mellander, 2006. P. 22).

 

Com os recursos lúdicos e artísticos, o aluno pode encontrar esta consciência de autoaprendizagem, se tornando um ser ativo no seu processo cognitivo. Facilitando o processo de aprendizagem formal em todas suas etapas.

 

REFERÊNCIA BIOGRAFICA

MELLANDER, Klas. O Poder da Aprendizagem. São Paulo: Editora Cultrix. 2006