O Psicodrama é uma metodologia que se fundamenta na teoria socioeconômica criada por Jacob Levy Moreno. Nascido em 18 de maio de 1889 Jacob Levy Moreno, que futuramente seria conhecido como Moreno o pai do Psicodrama. A primeira sessão psicodramática oficial foi em Viena em 1921. O uso dos métodos psicodramáticas no Brasil inicia-se em 1930. No ano de 1971 acontece a criação da Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de Grupo e Psicodrama na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Em São Paulo capital no ano 1977 surge a FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama). Em Minas Gerais no ano de 1989 cria-se o IMPSI (Instituto Mineiro de Psicodrama).
“O psicodrama como método terapêutico foi elaborado por Moreno a partir de suas experiências iniciais em teatro espontâneo e em terapia comunitária. Sua elaboração foi gradual, mas avolumou-se em Beacon e mais tarde no Instituto Sociométrico em Nova York. Por volta de 1942, quando Moreno publicou com Zerca seu primeiro ensaio sobre o assunto, os princípios de uma sessão de psicodrama já estavam consideravelmente estabelecidos”. (MARINEAU, p.144, 1992)
Moreno criou as metodologias psicodramáticas a partir de suas experiências com teatro espontâneo. As apresentações funcionavam como uma terapia de grupo, e aos poucos foram surgindo formas diferentes de trabalhar com o psicodrama. Hoje temos várias técnicas que utilizam características da metodologia do Psicodrama. Podendo ser utilizadas em vários contextos e ambientes tais como em consultórios, com atendimentos individuais, ou em grupos, como sala de aulas, empresas, comunidades em geral.
Existem várias aplicações do método psicodramático, a citação e contextualização serão feitas ao longo do artigo. Basicamente uma sessão psicodramática se divide em quatro etapas:
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Aquecimento – É a primeira etapa. Sua função é preparar para a ação ou cena. Começa-se com jogos dramáticos com objetivo de relaxamento e acolhimento. Depois os jogos devem ser afunilados para dar início a construção da cena.
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Dramatizar – É a segunda etapa. Neste momento acontece a dramatização da cena. Toda a cena é trabalhada no “como se”. Um exemplo do termo “como se”: Todo o cenário, objetos, poupas, momentos, tudo surgirá através da imaginação do protagonista, relatado por ele.
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Compartilhar – É a terceira etapa. É o momento em que o se conversa sobre a cena. Fala-se sobre emoções, lembranças, de forma livre.
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Processamento – É a última etapa. É analise do processo de forma cognitiva.
Funções do psicodrama na educação
Em uma leitura construtivista podemos perceber que os jogos dramáticos podem fazer transformações nas pessoas. Estas transformações podem ocorrer nos diversos universos do aprender. Propõe através do lúdico desenvolvimento cognitiva, social e emocional. Abrangendo o aprendizado, não limitando a conquista do aprender.
“O pressuposto básico em que acreditamos é que espontaneidade – criatividade é o fator que perneia a regulação de todo o desenvolvimento, que seja ele voltado para as construções lógicas, que seja ele voltado para as relações afetivas e sociais. Nesse sentido, dentro de um contexto dramático ou lúdico, exige uma dose de espontaneidade, bem como uma resposta dita como operatória. Resta-nos precisar as relações entre ambas as situações”. (WECHSLER, 2002, p.25)
Na linha do Moreno criador do psicodrama, a criatividade tira o indivíduo do lugar que está acostumado ou em conserva. “A conserva cultural propõe-se o produto acabado e, como tal, adquiriu uma qualidade quase sagrada”. (Moreno, p158, 1993).. Neste momento a pessoa descobre formas diferentes de reagir a uma mesma questão. “…que traz consigo a ideia do indivíduo espontâneo e criativo, aquele que tem possibilidades de transformar suas formas de existir em função de cada situação vivida, capacitado por suas relações”. (WECHSLER, 2002, p.31)
Podendo assim fazer mudanças conscientes para melhorar sua forma de compreender diversos tipos de conhecimento. Com a aplicação do método de Moreno, podemos exercer a principal função do psicopedagogo. Tornar o aluno protagonista em sua busca por conhecimento pois abriremos recursos para o próprio aluno conseguir descobrir sua forma de aprender. Tornando-o independente e autossuficiente no seu processo de aprendizagem.
Psicodrama Sócio Educacional
O termo Psicodrama Pedagógico é atualmente reconhecido como Psicodrama Sócio Educacional. E tem sido usado para definir pontos psicopedagógicos nos jogos psicodramáticos e questões pedagógicas utilizadas no psicodrama.
“Quando criamos o termo Psicodrama Pedagógico não foi nossa intenção estabelecer somente uma diferença entre a aplicação didática e terapêutica da dramatização, mas sim reconhecer uma unidade básica, relativa à filosofia e fundamento de uma mesma técnica, procurando identificar, por meio do pedagógico, fundamentalmente o marco referencial e o campo de ação do educador”. (ALICIA. p.22, 1996).
Como vimos, o psicopedagogo deve ter o compromisso de apresentar ao cliente meios que facilitem sua aprendizagem. Tornando o aprender possível para seu cliente. O objetivo é que sua capacidade de aprender futuramente ocorra de forma autônoma. Para isso deve-se desenvolver a capacidade de aprender específica do cliente. “…Moreno não desiste. Ele parte em busca de encaminhar soluções para recriar a vida, desenvolver uma teoria de dimensões superpostas”.(Campos, et al. p. 150, 2012)
O método de Moreno se alinha a este compromisso do psicopedagogo. De forma que a própria pessoa através de jogos dramáticos, cria sua forma de aprender. A construção da aprendizagem neste ponto de vista se dá pelo próprio indivíduo. Neste caso também se tornando autônomo em sua aprendizagem.
‘O psicodrama pedagógico procura “emocionalizar” conceitos teóricos previamente aprendidos. O aluno deixa de aprender somente pelo intelecto, para assimilar conhecimentos com sua pessoa inteira. O professor passa a ser, nesta fase, uma espécie de facilitador do processo que é assumido pelo aluno. O mestre cria o clima propício, e o discípulo se alinha nele.’(FONSECA FILHO, p.60, 1980)
A união de dois seguimentos tão complexos, como as questões pedagógicas com foco em psicopedagógicos e as questões psicológicas com focos psicodramáticos pode abrir um vasto caminho. Mas o foco do trabalho prioriza a relação cliente e aprendizagem.
“Talvez por essa razão, e pelo fato de que o psicodrama esteve basicamente vinculado desde suas origens à resoluções de conflitos humanos, sua primeira aplicação no meio escolar foi aquela relacionada com a objetivação de disciplina e a orientação de comportamentos e vocação. Não é esse tipo de aplicação que faremos referência aqui, mas sim ao psicodrama nas mãos dos educadores”: (ROMAÑA. p.46. 1996).
O Psicodrama Sócio Educacional não tem uma função terapêutica de um psicólogo, mas sim uma ação psicopedagógica centrada no desenvolvimento da aprendizagem do cliente. Na realidade o foco das ações são facilitar a caminhada acadêmica de seus clientes ou alunos.