Vínculos: Como nos movimentam – Parte 2

Como criamos nossos vínculos?

 

Nota: Clique aqui para acessar a primeira parte deste artigo.

 

Para muitos autores os vínculos começam a se formar após o nascimento quando começamos a nos relacionar com o cuidador e com o mundo. E aos poucos eles vão se ampliando e se tornando mais complexos.

 “Uma vez constituído o vínculo filho/mãe e estabelecida a diferenciação entre eu/não eu, começa uma lenta discriminação fantasia/realidade, fato que de nenhuma maneira se estabelece de forma abrupta, mas, ao contrário, é lenta e gradual”. (Bustos, 1999, p38)

Os vínculos vão se formando e se reforçando ao longo do desenvolvimento humanos e suas relações. Através deles criamos nossa forma de reagir e interagir com as pessoas e ambiente. Esta contínua formação emocional tem uma ligação direta com os vínculos estabelecidos e internalizados na matriz do ser ou matriz de identidade. Ao longo da vida passamos por diversas fases onde percebemos estes estímulos vinculares de formas diferentes e os registramos reconfigurando nossas relações.

“… a aprendizagem de um papel, no vínculo, passa por três momentos: a tomada do papel, o treinamento do papel e a criação do papel. Em cada momento, a modalidade vincular afetiva de dada pessoa se manifestará e o co-inconsciente construirá os conteúdos específicos do vínculo”. (NERY, 2003, p. 75).    

Visto que nossa formação emocional está ligada a relações de vínculos que estabelecemos ao longo da vida, podemos dizer que, todos em determinado momento serão expostos a situações onde a qualidade do vínculo sofre uma influência negativa. Consequentemente, gera uma reação patológica no indivíduo que causará consequências nas relações do mesmo ao longo da vida. O trauma, as feridas, as lesões são inevitáveis na formação do ser e cada pessoa vai vivenciá-los e reestruturá-los de formas distintas, conectando-os a outras relações vinculares.

Como vimos esta formação do ser acontece ao longo da vida e é fruto das nossas relações vinculares. Vimos também que passamos por um processo que pode ser dividido em três etapas. Na busca de uma nova reestruturação dos vínculos patológicos passamos novamente por estas três fases, as quais possibilitarão o surgimento de um novo papel. Com o novo papel o vínculo com a relação se altera, causando um efeito não só no indivíduo como nos pares que se associam.

“Portanto quando o indivíduo adquire um novo papel, não apenas ele, mas também o outro adquire um novo papel complementar e sofre a interferência de conteúdos emocionais relacionados a tensão, ao enfretamento do novo ou ás resistências à mudança”. (NERY, 2003, p. 75).        

Esta crise vincular é necessária para que esta relação seja restabelecida. De certa forma, morre-se um vínculo para surgir outro. Não necessariamente morre toda a relação, mas sim um vínculo patológico que fazia parte dela. De certa forma, as partes se reorganizam e se adaptam à nova realidade. A seguir, vamos conferir como um psicopedagogo pode contribuir para a construção de vínculos saudáveis e eficientes.

Veja a sequência deste artigo clicando aqui.

 

Bibliografia

BUSTOS, D. M. Psicoterapia de grupo e psicodrama. In: ___ Novas cenas para o psicodrama: o teste da mirada e outros temas. São Paulo: Ágora, 1999. Cap. 3, p. 33-56.

NERY, M. P. Vínculos e aspectos internalizados dos vínculos. In: ___ Vínculo e afetividade: Caminhos das relações humanas. São Paulo: Ágora, 2003. Cap. 3, p. 65-92.

Vínculos: Como nos Movimentam – Parte 3

Como um psicopedagogo pode contribuir para a construção de vínculos saudáveis e eficientes na educação.

 

Nota: Este artigo está dividido em 3 partes, para acessá-las clique nos links: Parte 1, Parte 2.

 

Os psicopedagogos e neuropsicopedagogos são profissionais da educação especializados em solucionar problemas de aprendizagem mais complexos e em alguns destes casos é necessário uma equipe multiprofissional para efetivar um bom trabalho.

A peça chave para um bom trabalho psicopedagógico é a observação clínica, o estudo de caso e a tomada de atitude orientada por esta pesquisa centrada no cliente. Veja mais sobre este assunto nos links: https://www.youtube.com/watch?v=uuqPHsdVij4 https://raquelleonor.com/sobre-meu-trabalho/

A pesquisa sobre quais os vínculos se tem com a aprendizagem são realizados em quase todos os processos de avaliações psicopedagógicas. A importância de se ter claro quais são as dificuldades e facilidades na relação de ensino aprendizagem é fundamental para a orientação da ação pedagógica perante o perfil do cliente.

“Partindo da compreensão das relações humanas pautadas em vinculações, como propõe Pichon-Rivière e no contágio afetivo como posto por Wallon, é possível observar que a afetividade é a força-motriz que impulsiona o desenvolvimento humano e a aprendizagem, sendo o paradigma e o arcabouço da aprendizagem e do desenvolvimento relacional, pautada na inter-relação social para esta construção. Compreender o Par Educativo é uma forma de instrumentalizar o pensamento para fomentar a práxis educativa e a formação profissional diferenciada, enaltecendo a participação da subjetividade das relações no processo de ensino aprendizagem, não dissociando isto do pensamento ou da estruturação efetivamente cognitiva”. (Vínculo – Revista do NESME, 2016, p. 54)

O vínculo com o aprender é também passivo de alterações ao longo da vida. Seu cuidado não está restrito à infância. Adultos e idosos com problemas na aprendizagem também podem se beneficiar com o trabalho psicopedagógico. Com as avalições podemos criar caminhos criativos mais eficientes para restabelecer vínculos saudáveis com o processo de ensino aprendizagem.

“Neste processo de estabelecimento de vínculos, o ser humano estabelece parcerias através do contágio afetivo, logo esta aprendizagem se organiza subjetivamente em relações dialéticas mútuas através da significação e da ressignificação das relações, trocas e práticas, em que estes parceiros vinculares podem ser chamados de Pares Educativos”. (Vínculo – Revista do NESME, 2016, p. 53)

No caso das crianças com dificuldades educacionais, o quanto antes elas puderem ser acolhidas com uma nova relação com a aprendizagem é melhor, pois a qualidade do vínculo vai se aprofundando e as consequências negativas diminuem.

Temos casos onde a própria pessoa encontra um caminho próprio de se relacionar com a educação resolvendo seus problemas. Existem também casos que a má relação com a aprendizagem é carregada ao longo da vida da pessoa e a cada contato com o aprender se reforça o vínculo patológico com a educação. Neste segundo caso é aconselhável a procura de ajuda profissional.

Não tem idade certa para começar uma nova relação com a aprendizagem. O caminho para a busca destes novos vínculos deve ser um processo individual e contínuo. Por isso a necessidade de um especialista clínico educacional como psicopedagogos ou neuropsicopedagogos que possuem a formação necessária para desenvolver o estudo de caso e o acompanhamento da nova ação vincular adequada para cada cliente.

 

Confira mais sobre formas de abordagem da psicopedagogia no

https://www.youtube.com/channel/UCvbvschx9cAXMdOw_3b7-1g?view_as=subscriber https://www.linkedin.com/company/raquel-leonor-psicopedagoga   https://www.instagram.com/raquel.leonor_/ .

Raquel Leonor Resende

Bibliografia

BUSTOS, D. M. Psicoterapia de grupo e psicodrama. In: ___ Novas cenas para o psicodrama: o teste da mirada e outros temas. São Paulo: Ágora, 1999. Cap. 3, p. 33-56.

BUSTOS, D. M. Sociometria: teoria das relações interpessoais de J. L. Moreno. In: ___ Perigo… Amor à vista!: Drama e psicodrama de casais. 2ª ed. ampliada. São Paulo, Aleph, 2001. Cap. 4, p. 73-95.

NERY, M. P. Aprendizagem emocional e lógicas afetivas de conduta. In: ___ Vínculo e afetividade: Caminhos das relações humanas. São Paulo: Ágora, 2003. Cap. 2, p. 33-63.

NERY, M. P. Vínculos e aspectos internalizados dos vínculos. In: ___ Vínculo e afetividade: Caminhos das relações humanas. São Paulo: Ágora, 2003. Cap. 3, p. 65-92.

PAR EDUCATIVO – A MANIFESTAÇÃO DO VÍNCULO COM A APRENDIZAGEM http://pepsic.bvsalud.org/pdf/vínculo/v13n1/v13n1a05.pdf , Vínculo – Revista do NESME, 2016, v.13, n.1, pp.46-55

Dicionários: https://www.dicio.com.br/vínculo/

Como a comunidade escolar movimenta a percepção do conceito de trabalho nas crianças.

Sabemos que a escola sofre influências e também influencia sua comunidade. Sabemos também que esta relação “escola x sociedade” tem um poder grande para a maior parte dos brasileiros. Entendemos também que precisamos melhorar estas relações e com isso, movimentar atitudes que fortaleçam a boa pedagogia.

Por saber que a educação ultrapassa os muros da escola e que infinitos temas podem ser vinculados à educação, vamos falar, desta vez, da imagem de trabalho que estamos formando em nossos estudantes.

Antes, entretanto, gostaria de descrever alguns tipos de definições que existem sobre o trabalho, os quais tomarei como base para este artigo, visto que o tema é amplo e por isso, me basearei nestes referencias.

“Conjunto das atividades realizadas por alguém para alcançar um determinado fim ou propósito”. (https://www.dicio.com.br/trabalho/)

 

“No século XII, a palavra significava precisamente tormento, sofrimento. No século XIII, ela ganhou uma nova acepção, muito próxima: dispositivo para imobilizar os grandes animais. Então, seria uma espécie de canga. Inclusive, a palavra canga é usada como metáfora de trabalho”. (Sônia Viegas, Trabalho e vida)

 

 

Nestas definições podemos observar que visões diferentes sobre o trabalho. Este é vivido por nós das duas formas. Então, a relação com o trabalho é complexa e por isso, devemos refletir sobre como nossas crianças estão recebendo este conceito na sua formação do ser.

 

As escolas recebem parâmetros, grades e afins que devem ser cumpridos por ela. Os professores preparam suas aulas a fim de cumprir esta demanda. O aluno aprende e faz as atividades propostas pelo professor na escola e leva atividades escolares para casa, também para suprir a agenda de conteúdos que estão previstos para a fase escolar que se encontra. Em casa, os pais ajudam seus filhos com estas tarefas e conteúdo.

 

Somando todas estas atividades, temos, em média, seis a sete horas por dia de estudo por aluno.

 

Isto acontece em um momento em que as escolas atendem demandas que não são ligadas diretamente a conteúdos programáticos e sim, às necessidades de seus alunos em suas relações.

 

No momento em que os pais precisam trabalhar fora e quando chegam em casa, mesmo não sendo capacitados para a função de ensinar conteúdo, precisam ajudar seus filhos.

 

Os alunos diante de “TANTO”, ficam submergidos entre a escola que reclama das tarefas de casa malfeitas ou do quanto este aluno é mal educado, e os pais, que exaustos não conseguem ser eficientes na ajuda da tarefa escolar e nem de educar seus filhos ou simplesmente, de ter um momento de lazer.

 

Neste momento, acredito que o aluno enxerga seu trabalho de estudante como uma canga, que o deixa preso e infeliz.

 

”…é um trabalho anti-vida. É um trabalho que, quando muito, pode ser dito ocupação, mas não pode ser dito elaboração, ou seja, não pode ser dito construção do ser da pessoa. A construção do ser da pessoa, por mais incômoda, por mais angustiante que seja, produz um intensíssimo prazer”. (Sônia Viegas, Trabalho e vida)

 

Neste cenário, onde toda a comunidade escolar se vê exausta, ineficiente e mal compreendido, que nossas crianças estão iniciando sua relação trabalho x produção ou estudo x produção de conhecimento.

 

É importante observarmos que não são as escolas, ou professores, ou os pais destes alunos, os culpados por está situação. A questão não remete reflexão somente de uma parte desta comunidade, mas sim de toda a sociedade que a cada momento também se vê sufocada diante de muito trabalho e cada vez menos ócio criativo.

 

Para que o trabalho seja visto como uma forma de alcançar objetivos que são importantes para quem o produziu, precisamos melhorar em nós estes conceitos.

 

Precisamos ter consciência do benefício dele para toda a sociedade e para o indivíduo. Precisamos nos conscientizar que aquele esforço será para um benefício real, e não para um fim sem sentido.

 

“…acontece com ele um fenômeno no nível do simbólico muito análogo ao que acontece no nível da vida natural: quanto mais uma planta, por exemplo, desabrocha, quanto mais mudas você tira dela, mais bonita ela fica. Quer dizer, quanto mais o homem coloca de si no mundo, mais conteúdo interior ele vai adquirindo”. (Sônia Viegas, Trabalho e vida)

 

 

É importante personalizar o trabalho, é importante também atender demandas específicas de nossos alunos, familiares, professores e escolas. O acolhimento, a escuta e o olhar precisa ser apurado para que este contexto que vivemos possa ser alterado de uma forma harmônica e eficiente. Para que não se crie lados ou polos e sim um ambiente de transformação que valorize a trabalho de cada um.

 

 

REFERÊNCIA

 

VIEGAS Sônia, Trabalho e Vida, Conferência pronunciada aos profissionais do Centro de Reabilitação Profissional do INSS. Belo Horizonte,12 de julho de 1989. Revisada por Paulo R. A. Pacheco.

 

DICIONÁRIO, https://www.dicio.com.br/trabalho/

Relações: como movimentam a formação do SER nas crianças?

Antes de falar sobre este tema, vamos entender como se forma a personalidade de uma pessoa. Gosto do ponto de vista do criador do Psicodrama, Jacob Moreno. Para ele, as pessoas são como átomos, ou seja, são formadas por suas relações e interações.

 

“… a família, berço genético-psicológico-social inicial ou sociometria primária da criança, é de capital importância na formação de sua personalidade. A resultante dos primeiros vínculos estabelecidos é internalizada segundo disposições individuais, de forma a gerar características pessoais e únicas”. (Fonseca,1980, p.112)

 

A observação da relevância das primeiras interações sociais da criança é que me levou a escrever sobre isso, visto que o educador, os pais, a escola e a família estão presentes neste momento de muita movimentação para a formação do SER. Pensar sobre nossas ações de uma forma responsável e cuidadosa é de suma importância.

 

O psicopedagogo que recebe a demanda de uma família deve estar preparado para intervir de forma respeitosa na cultura da mesma. Toda mudança proposta deve ser pensada e avaliada junto ao grupo familiar; e toda movimentação causada por ele deve ter sentido para os integrantes. As propostas também devem ser ajustadas para que estejam em uma proporção que a estrutura do grupo familiar possa sustentar. Neste caso, toda a movimentação proposta pelo psicopedagogo deve ser avaliada e ajustada a fim de que se alcancem resultados. Para que o psicopedagogo possa ter conhecimentos tão específicos, sugiro conhecer as ferramentas utilizadas pelo o método do Psicodrama.

 

A família, ao se perceber parte tão importante do processo de formação das suas crianças, começa a avaliar suas ações e interações e com isso, passa a se relacionar com suas crianças de uma forma mais saudável, melhorando efetivamente seus convites relacionais.

 

Os convites relacionas são os veículos de interação com o outro, como: agressividade, desprezo, afetividade, carinho, amor, entre outras. Quando notamos a importância de melhorar nossas interações e nos movimentamos nesta direção, os resultados são mais conscientes e responsáveis. Esta interação mais saudável será levada ao SER da criança pelo o resto da vida.

 

Segundo a escritora e psicóloga Rosa Cukier, a maior parte dos casos difíceis em adultos de seu consultório vem de situações vividas na infância. O trabalho dos psicopedagogos é muitas vezes evitar que a proporção de uma ação ou relação ou deficiência tome proporções insustentáveis no futuro. Promovemos a consciência da importância da qualidade das relações no presente para evitar sofrimento não só neste momento da vida da criança como também na qualidade da vida adulta.

 

“As aprendizagens e as decisões que as crianças tomam ao longo da vida, principalmente aquelas frente a situações traumáticas, estressantes e desconfirmadoras, limitam as percepções das escolhas na vida do adulta”. (CUKIER,1998, p.18)

 

O olhar atento às nossas crianças, o acolhimento adequado aos familiares, o acompanhamento do desenvolvimento escolar são ações psicopedagógicas frutos da pesquisa e da experiência de cada profissional. Por isso, é muito importante encontrar um profissional qualificado e cuidadoso.

Jogos Teatrais, Criatividade e Desenvolvimento Humano.

Criatividade é a saída para várias situações. Uma pessoa criativa tem opções ao enxergar formas e estratégias para resolver uma situação. O criativo consegue reagir melhor às situações. Com maior clareza e domínio consegue se utilizar dos recursos a sua volta para intervir na situação de forma favorável a ele. Por isso a criatividade tem sido um talento importante para a humanidade em geral.

 

A criatividade é um talento que pode ser aperfeiçoado. “Compartilhar uma atividade lúdica e criativa baseada na experimentação e na compreensão é um estímulo para a aprendizagem”. O teatro pode ser um grande aliado para o desenvolvimento humano porque ele proporciona estímulos e atividades onde a pessoa cria meios para contar sua história. E de acordo com a idade estas atividades podem ser menos ou mais complexas.

 

Os jogos teatrais estão sendo utilizados como um recurso para autoconhecimento e também para trabalhar questões sociais (saúde, higiene, uso de drogas, entre outros). Boa parte das crianças gostam de participar de apresentações de teatro. E gostar do que se está fazendo facilita aprender sobre o assunto. “As pessoas aprendem apenas quando estão abertas ao inesperado, quando procuram dentro de si mesmas, quando lhe é permitido sonhar, quando são levadas por uma espécie de sede interior”.

 

Com jogos teatrais para estimular a capacidade de criação, o professor tem um leque enorme de possíveis propostas. Não tem limites nem de temas ou recursos específicos. Quando o objetivo é criar, um pedaço de papel, ou um camarim cheio de fantasias ou simplesmente um único aluno, tudo é possível de se fazer. Por isso o teatro é tão eficiente no incentivo da criatividade e no desenvolvimento humano. O trabalho com teatro neste sentindo não tem amplitudes inerentes aos recursos financeiros.

 

Então vista o seu personagem com a imaginação, vá em frente com a magia do teatro, e esteja certo que caminhos reais vão surgir. No próximo artigo vou numerar quantos benefícios reais são possíveis através dos jogos teatrais.

 

Raquel Leonor Resende

REFERÊNCIA

MELLANDER, Klas. O Poder da Aprendizagem. São Paulo: Editora Cultrix. 2006

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

O lúdico e o desenvolvimento humano

O ser humano se difere dos demais animais pela capacidade de criar novas estratégias, alterando o meio para seu benefício. Esta capacidade é aprimorada nos primeiros anos de vida do ser humano e tende normalmente a ficar mais hábeis com o decorrer da vida. Isto se dá através das interações homem/homem, homem/sociedade, homem/ambiente, homem/brincadeiras, homem/máquina entre outras. De acordo com Mellander,“… a qualidade do conhecimento é determinada pelas muitas experiências e associações que ao todo compões tal conhecimento. E o ensino e o estudo são tentativas de recriar, de uma forma ou outra, o processo de aprendizado que originalmente resultam no conhecimento em questão.” (Mellander, 2006. p.53).

 

A brincadeira é um dos primeiros recursos utilizados pelo homem para aprender. A mãe diante de seu bebê, bate palmas, faz sons com a boca, tudo isso para ensiná-lo a interagir. E o estímulo ainda fica maior quando o bebê consegue bater palmas e a mãe manifesta sua alegria por isso.

 

Os recursos lúdicos são eficientes justamente porque fazem parte das primeiras formas de se conectar com o mundo e as pessoas. As crianças se sentem confortáveis em atividades lúdicas. E usando os recursos lúdicos alcançamos uma aprendizagem mais natural e eficiente.

 

“Aparentemente, aprendemos o tempo todo – espontaneamente e sem fazer esforço – coisa que parecem praticamente impossíveis de se aprender numa sala de aula ou livro didático. Isso significa que aprendemos mais facilmente sem professor do que quando somos ensinados? Por mais estranho que pareça, é isso o que realmente acontece. Por quê? Porque nossa ignorância nos induz a complicar as coisas para nós mesmos. Assim, diminuímos em vez de aumentar a nossa capacidade de aprender em um ambiente formal. Se conseguirmos ficar mais conscientes de como aprendemos espontaneamente, poderemos aumentar nossa capacidade de aprender conscientemente e de acordo com um plano em uma situação de aprendizado formal”. (Mellander, 2006. P. 22).

 

Com os recursos lúdicos e artísticos, o aluno pode encontrar esta consciência de autoaprendizagem, se tornando um ser ativo no seu processo cognitivo. Facilitando o processo de aprendizagem formal em todas suas etapas.

 

REFERÊNCIA BIOGRAFICA

MELLANDER, Klas. O Poder da Aprendizagem. São Paulo: Editora Cultrix. 2006